Disclaimer
Esse não é um artigo técnico.
É um artigo de opinião que fala muito sobre mim e um pouco sobre minha experiência ao frequentar a BrazilJS 2024. Não leve nada ao pé da letra, leia com descontração e sinta-se à vontade para discordar de mim sempre que necessário.
Boa leitura!
Salve galera, beleza? Me chamo Caio, também conhecido como @ocodista e resolvi escrever um pouco sobre minha experiência na BrazilJS 2024 (Porto Alegre).
Sou paulistano, tenho 25 anos, moro em João Pessoa (Paraíba) e resolvi viajar 3.859km para prestigiar o maior evento de JavaScript do mundo, (JavaScript) que me acompanha desde o início da minha carreira profissional, 8 anos atrás.
Esse foi o primeiro evento "de linguagem" que participei, embora já havia participado de alguns outros eventos de Startups e Software Livre, vim com altas expectativas com relação ao conteúdo a ser ministrado, muitas delas se concretizaram enquanto outras, nem tanto.
Networking ⭐️
Pude conhecer e conversar com muita gente nesse evento: estudantes/estagiários, muitos devs experientes (sêniors), Staffs e CEOs, e acredito que esse seja o maior benefício de um evento de tecnologia. As pessoas são acessíveis, é fácil iniciar uma conversa com alguém que tenha uma vivência e experiência muito diferentes da sua.
Seja no corredor do evento, no bar ou no restaurante, essa troca de informações é realmente muito bacana e é o que me motiva a buscar novos eventos, para tentar expandir cada vez mais minha área de conhecimento e minha rede de contatos na área.
Palestras 🗣️
Confesso que me surpreendi. Talvez por ignorância de ser meu primeiro evento "de linguagem", esperava palestras mais focadas em código, com exemplos e demonstrações, mas foram poucas.
Isso não é ruim, apenas notei que rolou essa quebra de expectativa e imagino que estarei mais preparado para os próximos eventos.
As palestras foram sensacionais, muito bem planejadas e apresentadas. Abordaram diversos assuntos importantes que rodeiam nossa área. Minhas preferidas foram as que trouxeram novos ângulos sobre problemas que encontro no dia a dia, as de relatos verdadeiros sobre o dia a dia da vida de um desenvolvedor e também uma que fez uma ponte interessantíssima sobre evolução da vida e JavaScript.
Não citarei todas elas, e peço a meus amigos palestrantes que, caso estejam lendo esse texto, não se chateiem caso não encontrem sua palestra por aqui. Aprendi muito e vou levar toda a experiência desse evento para a vida, mas falarei apenas das que mais me instigaram.
Mão na Massa 👩💻
Modern Web Debugging with DevTools
A palestra da Jecelyn Yeen foi minha favorita. Acredito que casou muito bem com minhas expectativas sobre o evento, principalmente nos últimos 10 minutos, onde ela rodou uma aplicação ao vivo, explicou as funcionalidades e mostrou, com exemplos, como cada item funciona.
Por trabalhar com JS (mais especificamente, React) diariamente, todas as dicas foram extremamente úteis e impactarão no meu dia a dia logo de cara.
Além do Else: Categorizando Pokemons com Pattern Matching do JavaScript
A palestra do Will foi muito top também, apresentou uma funcionalidade que ainda nem foi lançada, Pattern Matching com JavaScript e como ele se diferencia do if, if-else e switch case. Bem mão na massa.
Me fez pensar sobre tudo que existe em desenvolvimento pela equipe do TC39 (que eu particularmente nunca tinha ido atrás).
Saber que essas propostas são open source e ficam disponíveis no Github para que todos possam ler foi sensacional!
Curiosidade: Will manja muito de muita coisa, passamos alguns minutos conversando sobre algo-trading, vida no exterior e carreira internacional de TI no jantar do primeiro dia.
WEBXR? Realidade Virtual e Aumentada Nativamente Em Navegadores
A palestra do Erick foi muito massa, testando os limites do navegador em uma tecnologia nova muito promissora que é a Realidade Virtual e Aumentada. Mostrou o caminho das pedras para você não perder muito tempo caso queira brincar com ela.
Deu inúmeros exemplos de sites open source com renderizações e animações, reduzindo absurdamente a complexidade de se criar algo novo, ao ponto do único trabalho ser o de encaixar peças (building blocks).
Curiosidade: Erick é muito gente fina e um fofoqueiro nato, conversamos bastante na balada do último dia de evento.
Multidisciplinar 🦕
A Tecnologia Evolui Como A Vida
A palestra do Atila Iamarino foi muito legal por conta dos paralelos traçados entre evolução biológica e evolução tecnológica.
Assim como as redes neurais (RNN, LSTM, LLM) tentam replicar o funcionamento do cérebro humano, a evolução tecnológica "copia", se baseia, ou simplesmente compartilha semelhanças entre a evolução biológica.
Pensamentos Intrusivos 💭
A palestra do Mano Deyvin (Verdades Difíceis de Engolir) me fez pensar sobre a super-valorização/exibição de rotinas, empregos, salários, cargos e empresas em um mundo que é extremamente desigual, e como isso cria uma falsa realidade, desconectada do mundo real, onde tudo é lindo, maravilhoso e fácil.
E como essa super exposição de momentos bons, combinada com a falta de exposição de momentos ruins pode ser combustível para a frustração de profissionais experientes que não se encontram em um momento confortável.
A internet está cheia de momentos positivos, mas vazia de momentos negativos.
Ninguém gosta de compartilhar os momentos ruins, é uma exposição/janela de uma fragilidade pessoal para o mundo (que nem sempre agirá da melhor forma). Entretanto, isso não acontece quando algo positivo é compartilhado. Ao compartilhar uma notícia positiva, as pessoas se animam, te apoiam, te lançam elogios e afagos que trazem uma sensação boa.
A notícia boa compartilhada é recompensada com sensações boas.
A notícia ruim não é compartilhada.
Se expandirmos essas duas regras para todas as pessoas que usam a internet, fica evidente que essa rede não passa de uma vitrine de acontecimentos positivos.
E, sendo assim, não reflete a realidade da vida real.
Com isso, me surgiu uma dúvida: Será que eu deveria começar a publicar os momentos ruins, para equilibrar meu perfil e mostrar uma versão mais "humana"/real na internet?
Embora fazer isso possa contribuir para que meu perfil seja mais real, eu abomino a ideia de compartilhar momentos ruins com desconhecidos (nem sempre tão gentis) na internet.
Logo, volto ao problema inicial, como resolver? Como evitar que essa vitrine positiva surta efeito na minha vida, ao ponto de me comparar com uma realidade que não existe e, inevitavelmente, gerar uma frustração?
Então, não tenho a resposta certa. O que tenho feito é tentar ficar mais distante da internet e mais próximo da vida real, ter vindo ao evento me ajudou MUITO com isso.
Pude conversar com pessoas que eu só conhecia através de vídeos (muito bem escritos, com excelentes profissionais de edição dedicados), fotos ou tweets e perceber que todos são, antes de tudo, pessoas. Ótimas pessoas, mas com problemas do dia a dia tanto quanto qualquer um. Gostei de quebrar essa "idealização".
Acho que o Mano Deyvin faz um excelente trabalho nessa área, sempre lançando "a true da true" sobre as situações e mostrando que o mundo nem sempre é como vimos na internet.
Conclusão
A minha opinião é que o melhor do evento foram as conversas que tive com os participantes e palestrantes, é muito bom conhecer o lado humano dos perfis das redes sociais e conversar com pessoas da mesma área que você, mas que atuam em projetos completamente diferentes.
Por conta disso, deixo aqui meu grande abraço a todos que pude encontrar nesse evento e espero que consiga conversar com muito mais gente nos próximos.
Ainda estou decidindo qual será meu próximo evento, então, se você tiver alguma sugestão, sinta-se à vontade para deixá-la nos comentários.
Valeu, grande abraço!